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terça-feira, 7 de setembro de 2010

RELACIONAMENTOS


Agradeço à minha querida amiga Rosana Nonato por ter me enviados este belo texto de Rubem Alves.
De uma forma simples e didática este filósofo nos expõe as duas faces de uma relacionamento à dois.
Muito interessante e verdadeiro, este texto merece ser postado neste blog, pois, consiste, antes de mais nada, de um texto de ajuda para casais, já casados, ou os que pretendem se casar. Ou ainda para os que vivem uma  vida à dois, mesmo sem oficializar o ato.

"Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que, os casamentos (relacionamentos) são de dois tipos: Há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. 

Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa. 

Explico-me. 
Para começar, uma afirmação de Nietzsche com a qual concordo inteiramente. 
Dizia ele: “Ao pensar sobre a possibilidade do casamento, cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: Você crê que seria, capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice”? 

Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar. 

Sheerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme “O Império dos Sentidos”. 

Por isso, quando o sexo já estava morto na cama e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. 

O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fosse música. 

A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. 

Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ”Eu te amo...” 

Barthes advertia: “Passada a primeira confissão, “eu te amo” não quer dizer mais nada. É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética”. 

Recordo a sabedoria de Adélia Prado: “Erótica é a alma”. 

O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir sua “cortada”, palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. 

O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. 

Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro. 

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. 

Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. 

Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui, ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos... 

A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. 
Conversar é ficar batendo sonho prá lá, sonho prá cá... 
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. 
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... 
O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. 
Aqui, quem ganha sempre perde. 

Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. 
O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... 
Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...". 

RUBEM ALVES é educador, escritor, psicanalista e professor emérito da UNICAMP 


Um bom feriados a todos


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Oração do Anoitecer Obrigado, Senhor, por mais este dia que termina, por tudo o que nele aconteceu. Obrigado pelo trabalho e estudo de hoje. Obrigado pelos novos ensinamentos que adquiri. Obrigado pelo alimento material e espiritual que recebi. Obrigado pela alegria que me concedeste ao encontrar-me com meus amigos. Obrigado pelo amor que encontro nos olhos dos meus familiares. Obrigado pela paz que nasce de cada encontro com o Cristo vivo e presente na Palavra que ouço, na Eucaristia que comungo e nas pessoas com quem convivo. Obrigado, Senhor, por tudo!

Amém!

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Pelo poder da Santa Cruz Pelas palavras de Jesus Pelo poder da Terra, do Ar e do Mar Pelo poder que Deus me dá Eu tiro todo mal, toda inveja, todo olho grande de mim, do meu corpo, da minha casa, do meu lar, do meu trabalho E trago muita paz, muito amor, felicidade e prosperidade. Amém

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E se feche a porta onde se encontra o mal.

Que a Luz, o Amor e o Poder restabeleçam

O Plano Divino sobre a Terra,

Hoje e por toda a eternidade.

Amém