A função da dor e a sabedoria da Lei. ( do livro As Leis de Deus)
Em nossos dois últimos capítulos falamos da Divina Providência e da Vontade de Deus. Dissemos tudo aquilo não para fazer teorias, mas porque se trata de forças que dirigem a nossa vida, e que devem ser levadas em consideração se não quisermos sofrer as conseqüências. Quem quiser viver com sabedoria, sem se lançar aos mais variados perigos, evitando sofrimentos, tem de compreender que há uma Lei, sempre presente, ativa, e que é muito arriscado não a respeitar. Se já tivéssemos aprendido todas as lições que a Lei contém, não cometeríamos mais erros, desaparecendo assim as reações, necessárias para nos reconduzir ao caminho certo da nossa libertação. Então, deveria desaparecer também a dor, dado que a sua presença no mundo seria absurda, porque uma vez aprendida a lição, ela não teria mais função alguma a preencher. Lembremos que a Lei é sempre boa e justa; se às vezes usa o chicote, é apenas porque, devido à nossa dura insensibilidade, não há outro meio para nos corrigir, conduzindo-nos assim para o nosso bem.
Todos sabem, através da sua própria experiência, que a dor é ponto fundamental da nossa vida. É verdade, no entanto, que cada um, no fundo de sua alma, alimenta um sonho de felicidade. Mas, quando é que, para os poderosos como para os humildes, chega a realizar-se de fato o que mais ambicionam? Os desejos dos pobres e dos poderosos, na maioria dos casos, ficam insatisfeitos e acabam fracassando em desilusões. Todos correm atrás de miragens que nunca se realizam, e no final, tudo se apaga num engano. Encontra-se, porventura, no mundo alguém que esteja satisfeito? O que há de real para todos é o sofrimento.
Por que tudo isso? Quem deu origem a essa condenação? Estamos cheios de desejos de felicidade, e apenas encontramos sofrimentos! Que maldade! E quando procuramos uma causa para tudo isso, pensamos logo em alguém para sobre ele lançar a culpa de tanta crueldade. Culpa-se, então, Deus por ter feito obra errada ou o próximo que deveria comportar-se de outra maneira. Mas, isso nada resolve, porque Deus permanece inatingível e o próximo sabe defender-se. Também a dor não desaparece; pelo contrário, toma-se mais dura na revolta contra Deus e na contínua luta de todos contra todos.
Continuamos, assim, todos mergulhados no mesmo pântano: ricos e pobres, cultos e ignorantes, poderosos e fracos. Alguns que se julgam mais astutos, procuram emergir do Pântano, amontoando riquezas, enganos e crimes, pisando os outros, para atingir a felicidade. Mas, esta é instável, porque falsa, disputada contra mil rivais ciosos, roída por dentro pela natural insaciabilidade da alma humana. E, mais cedo ou mais tarde, na luta de todos contra todos, também os poucos que emergem, acabam afundando-se e desaparecem, tragados pelo pântano comum. Que jogo torpe é a vida! Esta seria a conclusão.
Se tivermos nas mãos u'a maquina maravilhosa, mas, pela nossa ignorância da técnica do seu funcionamento, somente conseguirmos que ela produza péssimos resultados, dando-nos apenas atribulações em vez de satisfação, que providências aconselharíamos para resolver o caso? As máquinas humanas, se mal usadas, por estarem em mãos inábeis e portanto destruidoras, estragam-se e deixam de funcionar. Mas, existe uma tão perfeita que o homem não conseguiu estragar ou impedir seu funcionamento. Acontece por vezes que, pelo mau uso da máquina, não é ela que sofre, mas o mau operário, que não soube fazê-la funcionar. Assim é que surge a dor, e então há um só remédio: o de aprender a técnica do funcionamento da máquina; a fim de fazê-la trabalhar bem, para nossa vantagem, e não mal, para nosso dano.
Esta máquina representa a Lei de Deus. Ela é também boa educadora. Qual o papel do educador? Seu único objetivo é o bem dos alunos, e nós somos os alunos da Lei de Deus. O educador não deseja vinganças, punições, sofrimentos, porque ama os seus alunos. Se estes tivessem boa vontade para ouvir e fossem bastante inteligentes, para compreender, bastaria a explicação das grandes vantagens da obediência. Mas, os alunos são rebeldes, não querem aceitar regras de vida que não sejam as que saem das suas próprias cabeças; e, se têm inteligência, querem usá-la só para revoltar-se contra a Lei. Então que pode fazer o educador? O fato é que os alunos não querem ser educados mas, antes, destruir o educador. Eles quereriam estabelecer uma república independente dentro dum Estado, uma outra máquina funcionando às avessas contra a máquina maior que a hospeda. É um caso parecido com o do câncer, que representa uma tentativa de construção orgânica em sentido destruidor, com multiplicação celular em forma não-vital, mas parasitária da vida.
(Pietro Ubaldi, do livro As Leis de Deus).
Um abraço fraternal a todos
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