Aprendemos a viver sómente na periferia de nós mesmos, nos "subúrbios" do ego que determina que tipo de frequencia de imagens e de sons podemos captar.
Deste modo, o universo não é exatamente o que é, mas o que aparenta ser.
Uma flor não é simplesmente uma flor, é muito mais do que isto mas não conseguimos ir além das definições habituais.
Muito curiosa a poesia de KALIL GIBRAN: "Se vivesseis sempre no deslumbramento dos dias, vossa dor não pareceria maior que vossa alegria". Isto sugere que os poetas, em seus sonhos e devaneios, conseguem encontrar o significado oculto de tudo aquilo que parece não fazer sentido, como a dor, por exemplo. Eles descrevem numa linguagem "alucinógena", o que pode existir por trás do véu que nosso pensamento racional, lógico e linear, ergueu para encobrir a visão daquilo que seria imsuportável para nós encarar face a face.
Vivemos, portanto, na periferia da vida, distantes do centro dela. Nos contentamos com movimentos corriqueiros, repetitivos, quase que previstos diáriamente. Aquilo que é inconstante, que está em mudança continuada passa-nos despercebido. Preferimos aceitar tudo o que não compreendemos pois temos medo de enlouquecer se prestarmos mais atenção ao que acontece à nossa volta.
Certa feita o poeta americano do século XIX, WALT WHITMAN, escreveu que: " cada amanhecer é um novo milagre". Para ele, não amanhece porque a terra voltou um lado de sua face para o sol, obedecendo a um movimento automático, previsto nas leis da física. É um milagra, apenas. Os racionalistas, decerto, sorrindo, talvez tenham retrucado com enfado:" É um louco!!!. Isto não é um milagre, é uma questão de pura lógica!!".
Narra a Biblia que, quando os hebreus, depois de muitos dias e noites andando pelo deserto sob o comando de Moisés, encontraram, pela manhã, numa determinada região onde acamparam, substancias esbranquiçadas caidas pelo chão. A primeira pergunta que fizeram foi: MAN' HU?(O que é isto?), e se fartaram a come-las já que elas tinham um gosto agradável.
A expressão hebraica, mais tarde, geraria MANÁ que, muito tempo depois, transformou-se "no pão que O Senhor vos dá para comer", segundo definiu Moisés naquele tempo. Para ele, era um milagre, um sinal de Deus.
Sómente em 1923, a botânica descobriu que era uma espécie de alimento, próprio daquela região desértica do sinai. Pequenas folhas que, modificadas por um pequeno inseto, caiam das árvores aos montes, adocicadas e nutritivas.
Ainda assim, a expressão MAN'HU(Que é isto?), permaneceu como uma indefinição daquilo que Moisés resolveu denominar de "pão" a fim de firmar seu comando sobre o povo que conduzia.
A passagem biblica sugere-nos que a vida deve ser uma constante pergunta já que ela é feita de constantes milagres, dores, alegrias, perplexidades, onde o absurdo e a graça andam juntos.
A vida é como um rio que corre em direção ao grande oceano. Um processo, numca um fim em si mesma. Por isso, GIBRAN, poéticamente, diz que o objetivo da vida é "encontrarmos o alvo além da vida".
O que é isto?. Quem sou eu?. Deveriamos, muito cedo, termos aprendido a formularmos estas questões pois assim, talvez, evitássemos transformar nossa experiencia numa aventura banal.
"Cada ser é, por si mesmo o ser mais distante". Com esta questão em mente, empreenderiamos uma jornada em direção a nós mesmos e evitariamos nos contentar com definições que pretendem circunscrever nosso raio de ação. Talvez nos transformássemos no "filho pródigo" que sai em busca do desconhecido a fim de encontrar a si próprio.
"Todos nascemos gênios. A sociedade nos torna mediocres!!!", disse, certa feita, o grande educador americano, BUCKMINSTER FULLER. Ele não estava longe da verdade pois, embora seja necessária a socialização, muitas culturas estabeleceram para seus cidadãos regras no que poder ver, ouvir e perguntar. Estas regras se tornam instrumentos de visão medíocre de seus governantes e estabelecem que toda pergunta é um atentado contra a "ordem social".
Quando deixamos de perguntar pelo sentido das coisas, empobrecemos as respostas que o núcleo da vida contém, como diz o livro do Eclesiastes:" Nada há, pois, novo debaixo do sol"(Ecl.f 1:9). Acontece que o "novo" é a revelaçao daquilo que é, que já está presente, mas que sem o hábito da pergunta, da reflexão, do questionamento, não passa de coisa comum.
Uma semente é uma pergunta que encerra a resposta da árvore que virá ou não se mostrar à luz do sol.
Sem a pergunta inteligentemente formulada, a informação permanece na superficie sem penetrar no intimo.
Dizem que a fé é a ausência da dúvida. Não, não é verdade. A verdadeira fé é aquela que sabe duvidar, perguntar, elaborar questionamentos. É o consentimento do coração tocado pelas luzes da razão.
Os delicados e simétricos desenhos que aparecem nas asas de uma frágil borboleta e a dança das gigantescas galáxias, distantes milhões de anos luz de nosso sistema, sugerem-nos, de igual maneira, a mesma pergunta: O QUE É ISTO?.
TARCISIO ALCANTARA
Um comentário:
Estou muito feliz em ter encontrado seu blog.
Querida mesmo dizendo ser uma mulher madura seus traços conserva a beleza que que sempre foi.
Li seu texto e considerando que
podemos resumir a algumas frases
em bora esse texto seja belissimo e você tem excelente gosto para leitura.
Nesse meu resumo eu digo..]
A Vida è Um Milagre a cada amanhecer é assim que vejo e acredito.
Uma linda semana beijos no coração,Evanir.
Estou seguindo seu blog porque gostei muito dele e de você com um lindo perfil.
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